terça-feira, 4 de junho de 2013

O capitalismo selvagem me derrotou

Num maravilhoso e ensolarado domingo, meu marido, meu filho (de 13 anos) e eu resolvemos dar um passeio pelo centro de São Paulo. Tudo planejado, a primeira parada seria para ver a segunda parte da exposição do artista chinês Cai Guo-Qiang no prédio do Correio Central (a primeira parte vimos no CCBB) e, depois, caminhar até o Mercado Municipal para um belo sanduíche de mortadela no Bar do Mané.

Pensamos que seria melhor e mais agradável irmos de metrô. Assim, fomos de carro até a estação Butantã e deixamos o carro estacionado na rua Dráusio, a menos de um quarteirão da estação. Devia ser pouco antes do meio-dia. Do primeiro vagão do trem, filmamos um pedaço do trajeto, que não deixa de ser interessante, já que o trem não tem maquinista e podemos ficar cara a cara com os trilhos e túnel.



Descemos na estação República e caminhamos em direção ao Correio Central pela Av. São João. Ruas sujas, mendigos para todo lado, mal cheiro. É um centro lindo, mas extremamente degradado e perigoso.

No Vale do Anhangabaú, um surpreendente FAROL. Sim, uma obra de arte integrante da exposição Sonhos e Pesadelo, do artista plástico Eduardo Srur, que seria banal não fosse pelo fato de ser totalmente coberto por RATOS de plástico, parte deles coberta por graxa mal cheirosa. Pesadelo, decerto. Registrei algumas imagens com o meu celular.




Passamos para o lírico e as indagações político-pacifistas de Cai Guo-Qiang. O prédio dos Correios é muito bonito e a exposição surpreende pelo inesperado, pelo tamanho do porta-aviões, pelas obras feitas pelas crianças de Brasília e, claro, pelo gigantesco painel com as pinturas feitas a partir de explosões de pólvora. Criatividade a toda prova. Ótimo para fotografar (com a minha Nikon P500) com segurança dentro do prédio.








Hora do lanchinho. Caminhamos em direção ao Mosteiro de São Bento. Poucos turistas caminhavam pelas ruas fotografando com suas mega-câmeras. Pareciam sempre alertas, guardando a máquina nas suas bolsas sempre que terminavam de fotografar algo. Fiz algumas fotos com o meu celular somente.



O Mercado Municipal fica pertinho da Rua 25 de Março, da Galeria Pagé, dos Armarinhos Fernando. Lugar pitoresco, mesmo num domingo à tarde. Sempre há lojas abertas e pessoas comprando bijuterias, tecidos, roupas, enfeites de festas. O clima dentro do mercado é, sem dúvida, animado, Muitos turistas, compradores ocasionais (como nós), habitués, num mix colorido e divertido, lotando bancas de frutas, de queijos, restaurantes e lanchonetes.


Tivemos até a sorte de presenciar um flash-mob. O primeiro da minha vida, depois de assistir a vários no YouTube. Muito bacana mesmo.


Atacamos nosso sanduíche de mortadela (enorme), compramos um queijo e zarpamos para casa, de metrô.


Já observaram quão lindo é o  teto de vidro da estação da Luz? Tem que admirar.


O teto de vidro da estação Butantã também é bem bonito.



Como o capitalismo selvagem estraga nosso dia

De volta à rua Dráusio, onde estacionamos mesmo? Não tinha sido bem aqui, em frente à casa do Pablo? Para a nossa grande decepção e angústia, o carro já não estava mais lá. Acho que até que nem deveríamos ter ficado surpreso. São Paulo não é isso mesmo? Fiquei mesmo com pena, com o coração partido, ao ver a reação do meu filho: sem palavras, olhava de um lado para outro, olhar perdido.

Ligamos para o 190, passamos os dados do local e fomos avisados de que poderíamos fazer o B.O. por internet. Pegamos um táxi (R$ 30) até em casa. Fiz o B.O. pela internet: prático, simples e extremamente eficiente. Em menos de 30 minutos, um policial civil ligou para casa, confirmou meus dados e enviou o B.O. para o meu e-mail. Perfeito. Acionei rapidamente o seguro também, já passando o B.O. eletrônico para o atendente. Sei que tenho direito a um carro reserva pelo meu seguro: SulAmérica Mulher, então já solicitei um também.


Analistas de CRM e os modelos que dependem de funcionários dedicados: SulAmérica vs Hertz

  1. A SulAmérica garante que eu posso pegar o carro e que tanto faz se sob minha responsabilidade ou sob a do meu marido (o carro furtado está em nome dele, o seguro em meu, pois sou eu quem usa(va) o carro); confirma que a Hertz já recebeu a solicitação da seguradora.
  2. A Hertz me liga e confirma o carro para o ponto mais próximo de casa para a manhã seguinte, às 09h, com tolerância até 10h.
  3. Às 09h10 estamos na Hertz: não havia solicitação nenhuma. Não consegui falar com a seguradora que só dá ocupado ou a ligação cai. Desistimos.
  4. Em casa, a Hertz me avisa que o carro estava reservado numa OUTRA loja e agenda novamente para outro dia. O atendente JURA que agora está correto.
  5. No dia seguinte, o carro ainda não havia chegado da lavagem no horário combinado. Voltamos meia hora depois. Havia uma fila de clientes e uma única atendente. Finalmente atendidos, pegamos um Fiat Pálio branco hiper básico. Mas, diferentemente da afirmação do atendente da Hertz, não é possível deixar o carro em nome do meu marido, somente no meu (segurada).
  6. Destalhe: o carro furtado era 1.0 completinho, mas tenho direito apenas a um carro mais simples possível: 1.0, sem AC, sem limpador e sem desembaçador traseiro. Felizmente veio com rodas.
  7. Deixei o carro na garagem e não usei até sábado, quando, ao tentar usar percebo que o Pálio está INUNDADO por dentro, no lado do passageiro. Enxugamos com muitos panos, mas minava água por baixo do carpete e não tinha como vencer. Desistimos do carro.
  8. Segunda-feira: combino para pegar um substituto na mesma loja Hertz às 15h. Chego lá às 15h15, mas não há atendente. Há um cliente esperando há mais de meia hora. Ligo para a central Hertz, fico em hold por minutos e minutos, ninguém atende. Quase uma hora depois, o funcionário chega. Devolvo o Pálio e pego um Celta, igualmente básico mas bem melhor que o outro.
  9. CONCLUSÃO: os funcionários não se comunicam, não conseguem manter horários, não verificam o estado do carro antes de locar para um cliente. A SulAmérica diz uma coisa e a Hertz entende outra. A central da Hertz diz uma coisa, o posto avançado entende outra. Não adianta ter um modelo estatístico maravilhoso se as PESSOAS que devem executar um bom plano de atendimento ao cliente não estão capacitadas adequadamente. Fail!
E, finalmente, o capitalismo que nos derrota

Sempre tive carros pequenos, simples, mas sempre com itens mínimos de segurança: travas e vidros elétricos, limpador e desembaçador de vidro traseiro, limpador de para-brisa com temporizador decente. O Corsa 1997, que comprei zero, não tinha cintos retráteis nem protetor de pescoço no banco traseiro, mas mandei instalá-los. Os carros que pegamos na Hertz são extremamente básicos, para não dizer, perigosamente básicos. O Pálio não tinha sequer aquela alavanca para ajustar os retrovisores externos! Aliás, o acabamento do Palio é a pior coisa que eu já vi na vida. Não sei como conseguem vender esse lixo. Deve ser por que o brasileiro nem sabe o que é melhor que isso.

Hoje de manhã, o vidro traseiro do Celta estava totalmente embaçado e nem tinha como limpar!!! O para-brisa embaçava e não tinha AC para ajudar!!! É o fim da picada!

Pergunto: 
  • como o governo deixa uma montadora entregar um carro tão ruim?
  • como a montadora entrega conscientemente um carro tão ruim?
O consumidor brasileiro é mesmo um idiota -- no meio estou eu. Se quero segurança, preciso pagar caro. Muitos desses itens são de série em outros países. No Japão, nem existe carro sem AC! Aqui é um luxo. Enquanto formos um consumidor idiota, governantes e fabricantes estarão felizes da vida, fazendo TUDO por dinheiro para proveito próprio.



4 comentários:

  1. Brasil! Aqui é um dos poucos países do mundo onde se é permitida a comercialização de carros sem ABS, por exemplo. Este e outros itens são questão de segurança, e não de luxo. Mas pra manter o mercado brasileiro altamente lucrativo e atraente pras montadoras, a lei permite esse absurdo e outros.

    Chega dar pena comprar carro no Brasil. Nos EUA, onde o salário mínimo gira em torno dos U$ 1.000,00 um Civic custa 16 mil dólares e está na categoria dos populares. Enquanto no Brasil, com salário mínimo de 600 e poucos reais, o mesmo carro é vendido por 60/70 mil.

    São coisas que não entram na minha cabeça, e acho que na de ninguém que tenha um mínimo de bom senso.



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    1. É verdade. Muita gente acha que os preços são altos aqui por causa do CUSTO BRASIL, mas isso já foi mostrado inúmeras vezes que não é verdade. O que faz a festa das montadoras é a combinação perfeita de fatores:
      . vistas grossas do governo para a qualidade e segurança dos veículos;
      . a falta de noção do consumidor brasileiro sobre quesitos de segurança e
      . a fata de noção sobre valor agragado.

      No Japão um Honda Fit é considerado carro popular, desses que só os que ganham muuuuuito pouco compram.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Vídeo interessante a respeito desse assunto: SOMOS CONSUMIDORES OTÁRIOS:

    http://www.facebook.com/photo.php?v=4263074193473

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